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16a. Assembleia-Geral 2013


Vista parcial da foto oficial feita nas escadarias da Universidade Federal do Estado do Paraná.
Confira nesta página as principais informações, uma síntese-geral em textos e fotos das assembleias estatuinte e eleitoral 2013 da ABGLT, eventos que integraram a 16ª Assembleia-Geral Ordinária da ABGLT, realizada em Curitiba-PR, nos dias 25 e 26 de janeiro de 2013.

Vista parcial da foto oficial feita nas escadarias da Universidade Federal do Estado do Paraná.


Por TERRY MARCOS DOURADO
Secretário Nacional de Comunicação da ABGLT
SECOM - ABGLT (secom.abglt@yahoo.com.br)

A 16a. Assembleia-Geral Ordinária da ABGLT foi realizada nos dias 25 e 26 de janeiro de 2013, no Hotel Dan Inn, Rua Amintas de Barros, 71, Curitiba-PR, com a seguinte pauta: Aprovação do plano da ABGLT para o Enfrentamento da Epidemia da Aids entre a População LGBT; Aprovação do plano da ABGLT para o Combate à Discriminação e à Violência contra as Pessoas LGBT no Brasil; Aprovação da alteração do Estatuto; Afiliação e desfiliação de organizações afiliadas; Eleição e posse da nova diretoria e conselheiros(as); Outros assuntos.


















A plenária de assembleia iniciou-se às 14h00 do dia 25 de janeiro de 2013, na segunda chamada. Elegeu-se a Comissão de Constituição e Redação da Carta de Curitiba: Vinícius Alves, Phamela Godoy e Julian Rodrigues.  Em seguida foi realizado o Seminário e aprovação do plano da ABGLT para o Enfrentamento da Epidemia da Aids entre a População LGBT, tendo como  Coordenador Júlio Moreira, e como debatedores(as), Toni Reis, Marcelle Esteves, Marcelly Malta, Beto de Jesus. A relatoria ficou a cargo de Beto Paes. Após o intervalo foi realizado o Seminário de Análise de conjuntura e possíveis respostas, sob a coordenação de Paulo Mariante, tendo como debatedores(as) Fernanda Benvenutty, Phamela Godoy, Cláudio Nascimento, Marcelo Nascimento, Julian Rodrigues e Heliana Hemetério. A Relatoria ficou a cargo de Vinícius Alves.

No dia seguinte, 26 de janeiro, a programação da assembleia-geral foi retomada, em segunda chamada. Após a constituição e aprovação da Mesa e Comissão Eleitoral, a etapa seguinte foi a análise e aprovação dos pedidos de afiliação e desfiliação à ABGLT. Leia a seguir a relação das afiliações aprovadas.

Parcial da Mesa de Abertura da 16a. Assembleia-Geral da ABGLT 2013.

AFILIAÇÕES À ABGLT APROVADAS EM 26 DE JANEIRO DE 2013:
CATEGORIA "AFILIADAS"
= Alessa - Associção de Livre Orientação Sexual de Ananindeua - PA
= Grupo Contra o Preconceito – Simões Filho-BA
= Grupo Humanizar-se de Alagoinhas-BA
= Grupo Realidade Colorida – Camaçari-BA
= Grupo Saphos LGBT – Ilhéus-BA
= KIU! – Coletivo Universitário pela Diversidade Sexual – Salvador-BA
= Movimento Anti-Homofobia de Paulo Afonso-BA
= Movimento de Lésbicas e Mulheres Bissexuais  da Bahia
= Associação das Travestis Reencontrando a Vida do Rio Grande do Norte  – Natal-RN
= Arco-Íris – Grupo LGBTs – Madre de Deus-BA
= Associação Goiana da Diversidade LGBT de Anápolis-GO
= SADHLOESTUR – Sociedade Araguaia pelo Ambiente, Cultura, Desporto, Diversidade, Direitos Humanos, Livre Orientação e Expressão Sexual, Saúde, Segurança e Turismo – Barra do Garças-MT
= Aliança Jovem LGBT – Curitiba-PR
= Associação Borboleta – Bady Bassitt-SP
= Organização LGBT de Muriaé-MG
= OLGA – Organização de Lésbicas e Garotas Ativistas – São José do Rio Preto – SP
= ELO LGBT – Expressão Livre do Orgulho LGBT – Mauá-SP
= Comunidade Ilê Axé Ya Locy – Bebedouro – SP
= Centro Cultural Império do Samba – Bebedouro-SP
= Centro de Apoio à Diversidade – Limeira-SP
= Associação da Parada do Orgulho GLBT de Goiás
= ACEPUB - Associação e Centro de Estudos e Pesquisas da Unidade Brasileira – Ubarana-SP
= SEIVA – Serviço de Esperança e Incentivo à Vida Agora – Ilha Solteira-SP
= ASTRAL – Lagarto-SE

CATEGORIA "COLABORADORAS"

= Associação dos Renais Crônicos e Transplantados do Sul da Bahia – Ilhéus-BA

CATEGORIA "AFILIADAS"

= Instituto Brasileiro de Diversidade Sexual, Curitiba-PR;

Imagem parcial da plenária da 16a. Assembleia-Geral 2013 da ABGLT.


APROVAÇÃO DE PEDIDOS DE DESFILIAÇÃO:

Foram aprovados os seguintes pedidos de desfiliação:

= MCDH-CAT – Movimento por Cidadania e Direitos Humanos LGBT de Catalão/GO e Região - Catalão, GO
= Grupo Eles por Eles – Goiânia – GO
= Grupo Lésbico de Goiás – Goiânia – GO
= Movimento Gay da Região das Vertentes – MGRV - São João Del Rei – MG
= Grupo Esperança – Curitiba – PR
= Somos - Comunicação, Saúde e Sexualidade - Porto Alegre – RS
= Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo - São Paulo – SP

Imagem parcial da plenária da 16a. Assembleia-Geral 2013 da ABGLT.

Ainda na 16a. Assembleia-Geral Ordinária da ABGLT foram referendadas as afiliações e desfiliações das organizações aprovadas no IV Congresso da ABGLT (CONABGLT), realizado de 30 de outubro a 4 de novembro de 2011, em Belo Horizonte (MG):

CATEGORIA "ASSOCIADAS"


= ACDHRio – Associação por Cidadania e Direitos Humanos LGBT na Região dos Grandes Rios do Brasil Central – Jataí-GO
= Movimento Gay de Betim - MG
= MOOCAH – Movimento Organizado de Combate à Homofobia – Contagem-MG
= MCDH-CAT – Movimento por Cidadania e Direitos Humanos LGBT de Catalão/GO e Região – GO (desfiliada em 26/01/2013)
= Vanguarda Esperança – Atibaia-SP
= Grupo Direito à Vida – Maceió-AL
= Grupo Felipa de Sousa - Salvador – BA (mudança de categoria de "Colaboradora" para "Associada")
= Associação LGBT de Tucuruí - PA
= LesbiPará  - PA
= GALOSC – Grupo de Apoio à Livre Orientação Sexual do Cariri - Juazeiro do Norte - CE
= Grupo Gay de Maceió - AL
= Aldeia Diversidade – São Pedro da Aldeia-RJ
= MOLS – Movimento de Lésbicas de Sergipe – Aracaju-SE
= MESCLA-MS – Movimento de Estudo de Sexualidade, Cultura, Liberdade e Ativismo de Mato Grosso do Sul – Campo Grande-MS
= GGLOS LGBT – Grupo Guaribas de Livre Orientação Sexual – Picos-PI
= Grupo Arraial Free - Araial do Cabo - RJ
= Cores da Vida – Rio das Ostras-RJ
Categoria Parceiras:
= AVIVER – Paranaguá - PR
= ICABO – Instituto Cultural Afro-Brasileiro Olufon Deyi – Cabo Frio-RJ
= GESTO – Pelotas-RS
= Grupo Milagre da Vida – Macaé-RJ

Desfiliação: Charlatts - RJ



ABGLT CHEGA AOS 18 ANOS COM 275 ORGANIZAÇÕES AFILIADAS

Bolo comemorativo ao 18º aniversário de fundação da ABGLT.

A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) começa o ano de 2013 mantendo o status político de a maior organização LGBT da América Latina, com status consultivo junto à Organização das Nações Unidas (ONU). Após a 16a. Assembleia-Geral Ordinária, a ABGLT cresceu ainda mais passando a ser constituída por 275 organizações afiliadas. Por decisão plena, a ABGLT não mais utiliza o título de OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público).

Na etapa da leitura da nova redação do Estatuto Social da ABGLT, a plenária fez uso do sistema de "destaque", onde os/as delegados/as propuseram, por escrito, substituições, adições e supressões ao documento.

As principais alterações ao estatuto dizem respeito à organização funcional ou administrativa da ABGLT. Foram incluídas novas secretarias na Diretoria Executiva Nacional, também secretarias específicas, secretarias temáticas, coordenações estaduais e o conselho consultivo. O novo estatuto foi aprovado pela maioria da plenária e será registrado junto com a ata da 16a. Assembleia-Geral Ordinária.

Momento em que o ex-presidente Toni Reis (E) passou a "faixa presidencial"
ao novo presidente, Carlos Magno Fonseca (D). 
Para a etapa do processo eleitoral, foi apresentada a chapa única “Uma ABGLT democrática e de lutas, por um Brasil sem homofobia” para os cargos conforme o novo estatuto, sendo eleitos/as:

Diretoria Executiva Nacional

Presidente: Carlos Magno Silva Fonseca
1ª Vice-Presidência: Keila Simpson
2ª Vice-Presidência: Maria Guilhermina Cunha Salasário
Secretaria-Geral: Victor De Wolf Rodrigues Martins
Secretaria de Finanças: Alessandro Melchior Rodrigues
Secretaria de Comunicação: Terry Marcos de Oliveira Barros Dourado
Secretaria de Relações Internacionais: Roberto de Jesus (Beto de Jesus)
Secretaria de Relações Institucionais: Fernanda Benvenutty
Secretaria de Relações com os Movimentos Populares: Vinicius Alves da Silva
Secretaria de Organização e Formação Política: José Christovam de Mendonça Filho
Secretaria de Direitos Humanos: Heliana Hemetério dos Santos
1º Suplente: Phamela Roberta Varandas Godoy
2º Suplente: Rafaelly Wiest
3º Suplente: Cristiano Henrique Ramos

SECRETARIAS REGIONAIS

REGIONAL CENTRO-OESTE
Titular: Evaldo Alves Amorim
Suplente: Cícero Aparecido da Silva

REGIONAL NORDESTE
Titular: Wesley Francisco da Silva
Suplente: Dediane Souza

REGIONAL NORTE
Titular: José Roberto Chaves Paes
Suplente: Gleyson Silva de Oliveira

REGIONAL SUDESTE
Titular: Julio Cesar Carneiro Moreira
Suplente: Debora Sabará

REGIONAL SUL
Titular: Juliana Inez Luiz de Souza
Suplente: Alexandre Bogas Fraga

SECRETARIAS ESPECÍFICAS

SECRETARIA DE MULHERES
Titular: Ione Lindgren
Suplente: Paula Ramos

SECRETARIA DE JUVENTUDE 
Titular: Vinicius Bernardes Gonçalo Coelho
Suplente: Esther da Silveira Silva

SECRETARIA DE TRAVESTIS E TRANSEXUAIS
Titular: Andreia Lais Cantelli
Suplente: Vanilly Borghi

SECRETARIA DE COMBATE AO RACISMO
Titular: Marcelle Cristiane Esteves
Suplente: Felipe Ribeiro de Carvalho

SECRETARIA DE PESSOA COM DEFICIÊNCIA
Titular: Anahí Guedes de Melo
Suplente: Geraldo Ferreira Filho

SECRETARIA DE IDOSOS
Titular: Marcelly Malta Schwarzbold
Suplente: Osmar  Fonseca Rezende

SECRETARIAS TEMÁTICAS 

SECRETARIA DE CULTURA
Titular: Marcelo Gouveia Gil
Suplente: Frank Rossatte da Cunha Barbosa

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO
Titular: Antônio Luiz Martins dos Reis (Toni Reis)
Suplente: Luiz Ramires Neto (Lula Ramires)

SECRETARIA DE SAÚDE
Titular: Sebastião Lima Diniz Neto
Suplente: Alexandre Tadeu Chulvis

SECRETARIA DE ESPORTE E LAZER 
Titular: Clovis Arantes
Suplente: Fernando Santos Rodrigues da Silva

SECRETARIA DE TRABALHO, EMPREGO E ASSISTÊNCIA SOCIAL
Titular: Tathiane Araújo
Suplente: Anyky Lima

SECRETARIA DE JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA
Titular: Márcio da Silveira Marins
Suplente: Barbara Pastana

SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE
Titular: Marinésia de Candio Freitas
Suplente: Pablo Rogers Dias Ferreira Brandão

CONSELHO CONSULTIVO 

José Marcelo do Nascimento
Cláudio Nascimento Silva
Luiz Roberto de Barros Mott
Julian Vicente Rodrigues
Soraya Andrea Menezes

CONSELHO FISCAL 

Marcos André Martins
José Marcelo David
Sharlene Rosa

CONSELHO DE ÉTICA

Carla Simara Luciana da Silva Ayres
Ely Bergo de Carvalho
Alvaro Boechat Chiarello

*   *   *

Segundo critérios estabelecidos, as pessoas eleitas a cargos da diretoria e dos conselhos assumem automaticamente a função de Coordenadores(as) Estaduais de seus respectivos estados.

COORDENAÇÕES ESTADUAIS DA ABGLT

No caso dos Estados sem representação, a assembleia-geral escolheu os/as coordenadores/as estaduais. As Coordenações Estaduais ficaram, assim, compostas:

REGIÃO NORTE
Acre
A definir

Amazonas
A definir

Pará
Beto Paes

Rondônia
A definir

Roraima
Sebastião Diniz

Tocantins
A definir

Amapá
A definir


REGIÃO CENTRO-OESTE
Mato Grosso
A definir

Mato Grosso do Sul
Frank Rossatte

Goiás
Cícero Aparecido (Diniz Vasconcelos) da Silva

Distrito Federal
Evaldo Alves Amorim


REGIÃO NORDESTE
Alagoas
A definir

Maranhão
A definir

Piauí
A definir

Ceará
Dediane Souza

Rio Grande do Norte
A definir

Paraíba
Fernanda Benvenutty

Pernambuco
A definir

Sergipe
Tathiane Araújo

Bahia
Keila Simpson


REGIÃO SUL
Santa Catarina
Guilhermina Cunha

Rio Grande do Sul
Marcelly Malta

Paraná
Toni Reis


REGIÃO SUDESTE
Espírito Santo
Christovam Mendonça

São Paulo
Alessandro Melchior

Minas Gerais
Carlos Magno

Rio de Janeiro
Victor De Wolf


Os integrantes da Diretoria Executiva, das Secretarias Regionais, do Conselho de Ética e do Conselho Fiscal tomaram posse na noite do dia 26 de janeiro de 2013 para o mandato que termina em janeiro de 2016. Na ocasião foram lidas as mensagens recebidas de autoridades locais e federais.


Foto parcial oficial dos novos dirigentes da ABGLT no período 2013 - 2016.


CARTA DE CURITIBA 2013


No ato solene da posse da nova diretoria da ABGLT (2013 - 2016) o Pleno aprovou o documento denominado de "Carta de Curitiba", com a seguinte redação final:

“De 25 a 27 de janeiro de 2013 realizamos na cidade de Curitiba a Assembleia Estatuinte e Eleitoral da ABGLT. Esta assembleia se realiza em um importante e paradoxal período na história da luta pela livre orientação sexual e identidade de gênero no Brasil.

Nossa Associação completa 18 anos de existência, coroando o esforço de milhares de militantes  LGBT que desde a Assembleia de 1995 vêm se dedicando ao fortalecimento de uma entidade que congregue a maioria das organizações que lutam pelos direitos e pela cidadania LGBT no Brasil.

Sabemos da importância que as iniciativas dos primeiros grupos homossexuais   constituídos no final dos anos 70 e começo dos 80 do século passado tiveram para que chegássemos a este momento, pois foram o exemplo de que somente a luta coletiva e organizada pode ter êxito contra a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero.

Nestes 18 anos, nossa mobilização fez com que o Estado brasileiro passasse por importantes transformações do ponto de vista da institucionalização das políticas públicas de promoção dos direitos humanos da população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT).

Nossos primeiros avanços ocorreram em diversos municípios e estados onde conquistamos legislações de combate à discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, bem como de reconhecimento de nossas datas comemorativas (29 de Janeiro, 17 de Maio, 28 de Junho, 29 de Agosto) e de ações afirmativas na educação e na saúde. Por outro lado, a partir de 2004 o Governo Federal começou a assumir alguns compromissos com nossas reivindicações, através do Programa Brasil Sem Homofobia, o Programa Nacional de Direitos Humanos III,  a realização das duas Conferências Nacionais LGBT, a criação do Conselho Nacional e da Coordenação-Geral LGBT e o reconhecimento pelo STF da união estável.

Estes avanços provocaram em contrapartida um crescimento da organização dos setores conservadores e um recrudescimento das ações dos fundamentalistas religiosos, que têm conseguido uma maior capilaridade política e capacidade de pressão sobre os diferentes governos.

A campanha presidencial de 2010 foi um momento de profundo tensionamento do campo conservador sobre as candidaturas de maior expressão de votos, as quais recuaram e assumiram publicamente o descompromisso com propostas como o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a legalização do aborto, e provocando ainda um congelamento de outras agendas fundamentais dos direitos humanos.

A violência motivada pela intolerância à diversidade sexual, à livre orientação sexual e identidade de gênero, que já atingia em grande número a população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, mais recentemente tem vitimado inclusive pessoas heterossexuais, o que evidencia a situação alarmante a que chegamos. E também militantes do movimento LGBT passaram a ser alvos desta violência.

Para combater estes setores é fundamental repensar os instrumentos de controle e participação social. Neste sentido é necessária uma nova compreensão da centralidade, que têm espaços tais como as conferências, que precisam assumir o caráter de resgate da soberania popular, para que de fato seja respeitado o exercício da cidadania através da decisão do povo sobre sua agenda política e social.

Este avanço do fundamentalismo e retrocesso dos princípios e valores democráticos se evidencia quando vemos uma Lei dos Bons Costumes ser sancionada no estado do Rio de Janeiro, bem como na tentativa de aprovação do PDC 234/11 que visa revogar a resolução 001/99 do CFP.

A reação dos conservadores se manifesta também em âmbito internacional. A passeata em Paris contra a proposta de casamento igualitário mostrou o quanto essas ideias fascistas de negação de direitos ainda tem capacidade de interlocução com a sociedade. E personalidades do atraso como o Papa Bento XVI são catalisadores deste pensamento intolerante e excludente.

O destaque da imprensa internacional às declarações do Presidente Obama em sua posse, a favor da igualdade de direitos, mostra que a defesa destas posições em nada implica como risco de isolamento político. E em nossa América Latina podemos afirmar com certeza que o Brasil precisa aprender com nossos irmãos e irmãs da Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia no tocante às leis e políticas de inclusão da população LGBT.

É importante que no próximo período o movimento LGBT aprofunde a discussão e a formulação necessária ao enfrentamento da ameaça deste campo. Da mesma forma, organizar uma estratégia de contraponto, em diálogo com outros setores da sociedade onde o desrespeito a laicidade prejudica a agenda política, torna-se uma tarefa central ao próximo período.

Este debate, passa inclusive pela entrada massiva nas discussões e mobilizações a cerca das Reformas hoje urgentes à democracia brasileira, em especial a reforma política. Vimos nas últimas eleições a dificuldade que temos para eleger candidaturas que não estejam alinhadas com o grande capital e sim com um projeto de transformação das desigualdades sociais, para construção de uma sociedade mais justa, plural e igualitária.

Neste sentido, a defesa de temas como o financiamento público de campanha, o voto em lista – com respeito a diversidade sexual, as questões de gênero, as raça e geração – e a ampliação dos instrumentos de participação popular devem fazer parte de nossa agenda cotidiana.

O Brasil é um dos poucos países capitalistas que não promoveu uma reforma de redistribuição de suas terras. Enquanto a maior parte dos investimentos públicos e privados são direcionados à agroexportação mais de 80% dos alimentos que chegam à mesa do povo brasileiro vem da agricultura familiar. Para construir uma sociedade realmente justa e democrática, a ABGLT precisa somar-se as lutas por um novo modelo agrícola, que produza com respeito as trabalhadoras e trabalhadores do campo e ao meio ambiente, preocupado com as qualidades dos alimentos e com a garantia da soberania alimentar.

O monopólio dos meios de comunicação e a completa ausência de instrumentos de controle social sobre a mídia é outro obstáculo importante à conquista de uma efetiva democracia em nosso País. É fundamental que a ABGLT, em aliança com os movimentos pela democratização das comunicações defenda uma nova política para este setor, através de uma reforma da Mídia que ajude a superar o modelo de sociedade o qual devemos combater, capitalista, heteronormativo, machista e racista.

Considerando o momento conjuntural que vivemos, também se faz necessário que a ABGLT intensifique o caráter de mobilização de lutas, ampliando o dialogo com outros movimentos sociais e populares. Avançamos nesse sentido ao criar em nossa estrutura a Secretaria de Relações com os Movimentos Sociais. Essa articulação é fundamental para o fortalecimento da contra posição ao avanço dos pensamentos e setores conservadores na sociedade.

Para enfrentar estes desafios lançados se faz urgente e central repensarmos o processo de formação das nossas ativistas. Para isto a ABGLT dá um importante passo ao criar na sua estrutura organizativa uma Secretaria de Formação Política e Organização.

É necessário ampliar e qualificar as fileiras do movimento LGBT brasileiro, fortalecendo a sua pluralidade e compreendendo que a nossa diversidade de orientação sexual,  de gênero, racial, geracional e de outras dimensões da nossa vida social, é o maior valor que precisa ser construído e promovido na nossa sociedade.

Demonstramos ter uma responsabilidade política proporcional à nossa importância e tamanho ao criar nossas Secretarias Específicas de Juventude, Pessoa Idosa, Mulheres, Travestis e Transexuais,  Combate ao Racismo e Pessoas com Deficiência.

Além da formação, outra questão central que deve orientar nosso próximo período, é a ampliação do dialogo com outros movimentos sociais, que também estão prejudicados com o atual congelamento nas politicas de direitos humanos e no  desrespeito a laicidade do estado. Se os setores conservadores se unem contra nós, devemos nos unir para fazer o contraponto, para reverter esse cenário, só assim poderemos retomar o período de avanço que tínhamos antes de 2010.

Por fim, é preciso rediscutir nossa relação com o governo, na posição de movimento  social, garantindo a nossa independência e autonomia frente a qualquer Governo. Cobramos, formulamos e fazemos o controle social, dentro do tamanho de nossa responsabilidade como maior Associação do movimento LGBT, respeitando, articulando e construindo junto com as outras entidades. Infelizmente no ultimo período, com a desarticulações dos Gts temáticos com o governo federal e como atual desrespeito que o conselho sofre, o governo tem se distanciado do movimento LGBT. É preciso pensar em uma agenda de maior incidência política, para assim ganhar força institucional.

A instalação do Conselho Nacional LGBT, concretizando o tripé da cidadania LGBT no âmbito federal, é uma conquista importante. Todavia, apesar de sua criação como um instrumento de garantia da participação na formulação e controle social das políticas públicas LGBT,  tem sido sistemático o desrespeito a este espaço como vimos nos casos de criação dos Comitês de Combate a Homofobia e no esvaziamento da campanha do selo “Faça o brasil território livre da homofobia”.

A ABGLT reafirma sua convicção de que a democracia participativa e o controle social são  essenciais à construção de uma verdadeira democracia em nosso país, mas iniciativas como  a instalação destes Comitês pela falta de diálogo com os movimentos sociais, e com o próprio Conselho Nacional LGBT, bem como com as instâncias governamentais que coordenam a política LGBT nos estados e municípios, vão na contramão do que vem sendo proposto, pelo governo e movimento social.

Além de contrariar as deliberações das conferencias para a criação de políticas de estado de combate a homofobia e promoção da cidadania LGBT, os Comitês não passam de espaços organizados pelo governo para discussão da sociedade civil, com a própria sociedade civil. Carecem de envergadura política, estrutura, representação, podendo até contribuir para um processo de esvaziamento dos conselhos, espaços que revindicamos há anos, que agora começam a ser implementados nos estados e municípios.

Os desafios são grandes, porém nossa força, capacidade e base política também. O próximo período será de luta, mas sem duvida os avanços virão a curto, médio e longo prazo.

Avante ABGLT, para seguir em frente!


27/01/13: Ato público da ABGLT em frente ao "Museu do Holocausto" de Curitiba-PR.

ATO PÚBLICO

Encerrando a programação oficial da 16a. Assembleia-Geral da ABGLT (Assembleia Estatuinte e Assembleia Eleitoral), em Curitiba (PR), no domingo, 27 de janeiro de 2013, diversos/as participantes (aqueles que não tiveram que retornar aos seus Estados de origem) da Assembleia-Geral realizaram uma manifestação em frente ao Museu do Holocausto de Curitiba (PR), seguida de visita ao mesmo, com o objetivo de lembrar o aniversário do Dia da Libertação de Auschwitz (Polônia) ocorrido em 27 de janeiro de 1945, o maior e mais terrível campo de extermínio dos nazistas. O ato também serviu para protestar sobre o avanço e os perigos do fundamentalismo religioso e pedir a aprovação de leis no Congresso Nacional que promovam a proteção das pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT).

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(*) Síntese produzida a partir de informações da Ata da 16a. Assembleia-Geral Ordinária 2013.